domingo, 28 de novembro de 2010

Perdedores diversos

Acho que o protagonista do meu graphic novel precisa ser um pouco mais velho do que eu tinha pensado inicialmente. Menos inocente também. Menos solitário? Isso não sei.
O pai dele está ocupando meus pensamentos agora. Acho que é por causa da situação no Rio de Janeiro. No caso do pai do meu personagem, ele já levava uma vida boa, ganhava muita grana, tinha a mulher dele e outras, mas precisou ganhar ainda mais. Se associar ao crime, usar drogas, arranjar amantes desleais.  É como se o cara quisesse perder, como se fosse um impulso de arriscar sem necessidade. Como se ele se dar bem não bastasse, precisasse também ferrar com tudo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vida dupla

Tenho um amigo que é baterista e leva  vida dupla.  Namora uma moça quietinha com quem ele almoça com os pais no domingo e apronta com todas que ele encontra na night. Depois, ele comenta comigo as falcatruas com as garotas, as cantadas, as invenções para não continuar.  Tenho um amigo que é geek e pensa que é um cara moderno, só porque namorou uma das minhas amigas mais malucas, mas eu,  que conheço a família toda, sei que   está ficando igualzinho ao pai dele.  Meu amigo geek diz que eu não devia ter um blog como personagem. Mas todo mundo é personagem, apenas nem todos sabem que são.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Presentes

Eu quero muito ter um filho. Não é só por causa dos meus 29 anos, relógio biológicos e  afins. É porque... muitos motivos. Mas não é disso que eu quero falar. Ontem, almoçando aqui no trabalho, escutei a conversa da mesa vizinha. Duas garotas grávidas. Uma do namorado, outra do marido. Super casamento, festa no Museu Histórico, doces maravilhosos, só de pensar eu engordo. A família dela pode, só trabalha porque gosta de ser independente. Bacana isso, não é?
Estou me desviando do assunto, mas explico. Desenhar exige tanta concentração que na hora que escrevo divago. Uma contava para outra dos presentes da mãe  quando soube da notícia. A amiga perguntou se ela não tinha medo que a mãe ficasse muito invasiva com essa participação toda. Ela respondeu que não, ela e o marido já tinham dado uma “limitada” na mãe dela.
Eu que não tenho mãe achei a conversa estranha. Será que meu filho, esse que eu planejo ter um dia – tenho certeza que meu primeiro filho vai ser um menino – vai comentar no restaurante do trabalho que colocou limites em mim?
Acho que eu não daria presente caro para uma filha que me colocasse limites.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Meus amigos

Tenho uma amiga no trabalho que dorme o fim de semana inteiro, dança o final de semana inteiro ou mente para mim toda segunda de manhã. A gente combina terminar alguma coisa no sábado ou domingo e ela nada. Quando diz que vai fazer, eu já nem ligo.

Estou evoluindo. Não me zango mais com meus amigos que só se comunicam pelo Facebook, não respondem nem pelo Facebook, esquecem compromissos. Mentira. Fico puta, mas só por 20, 30 minutos. Depois, respiro fundo, rabisco num papel qualquer uma carinha ridícula inspirada em quem aprontou a indiferença, enfio na bolsa. De vez em quando jogo tudo o que está na bolsa em cima da mesa e tenho dificuldade de reconhecer a fonte de inspiração de minha raiva.

A imagem rabiscada, para mim, é como um auto exorcismo. Se é que isso existe.

É assim que mantenho os amigos. Não xingo para fora, não xingo para dentro, rabisco e jogo fora.